Outro dia, ouvi uma colega de trabalho da minha idade
conversando com um senhor funcionário do nosso trabalho. Ele dizia que estava há
30 anos (ou algo assim) naquela instituição e ela, achou tempo demais, dizendo
“a geração Y não fica muito tempo em um emprego só”. Isso me fez lembrar de um vídeo muito bem feito sobre essa tal geração Y, ou Milleniums, e fui rever. O
vídeo fala sobre a relação das pessoas com o trabalho já que é o que faremos
(querendo ou não) a maior parte do nosso tempo no mundo. Nele, se comenta 2
gerações anteriores a Y, a Baby Bommer e a geração X. Mas, outra vez que vi o
mesmo vídeo com uma amiga, comentei a ela que não me sentia parte dessa geração
que me designaram, a geração Y.
Teoricamente as pessoas desta minha geração (que hoje tem
entre 25 e 35 anos) são pessoas muito ativas, que buscam fazer no trabalho o
que amam e que buscam isso de maneira menos “rotineira” que as gerações
anteriores. É uma geração que atua veementemente nas redes sociais e que, por
estar frequentemente logada na internet, a velocidade de informações que recebe
dita o passo de uma geração ávida por saber cada vez mais e rápido. Até aí, ok,
acho que sim, tenho diversos traços dessas características, como também não ser
muito adepta de autoridade por idade e sim por conhecimento, de querer
partilhar conhecimento de forma igual com pessoas de outras gerações, de gostar
de feedbacks dos meus trabalhos bem realizados. Bom, eu não vou detalhar todas
as atribuições dadas a cada geração, mas acho interessante você procurar se
quiser saber (e ver o vídeo no fim do texto).
Bom, mas foi aí que me vi me perguntando o que me fazia
feliz (quão ‘pão de açúcar’ da minha parte, não?). Já que o mote inicial do
vídeo é “você está fazendo o que ama neste momento?”, pois, supostamente é
assim que anseiam os Milleniums, fazer do trabalho diário seu prazer de vida,
viver o agora. Sim, é óbvio que, não importa sua idade, você quer ser feliz e,
se pudesse, trabalharia com algo prazeroso, a questão é como/o que é a felicidade
pra você? Isso seria o mutável de uma geração a outra: pra uns, garantia de
tranquilidade futura, outros sucesso financeiro, para os Y, felicidade aqui e
agora. Aí comecei a achar que tenho mais das gerações anteriores que gostam de
algo definido e se preocupam (até demais) com o futuro. Minha amiga, que
assistia comigo, me apontou outras coisas que me fazem ser parte da nossa
geração, como aproveitar para viajar sempre que possível, trabalhar com o que
se gosta, tudo bem, essas características partilho com meus colegas de geração.
Porém, frequentemente vejo as pessoas da minha idade querendo ter sua empresa,
ganhar dinheiro com algo próprio, sem responder a ninguém, sem horários,
trabalhando em casa... eu não gostaria disso.
Eu gosto das coisas bem definidas. Qual minha função, o que
devo fazer, a quem responder. Eu gosto de saber que trabalho de segunda a
sexta, das 8 da manhã às 5 da trade. Não menos, mas também não mais que isso. E
eu estou fazendo o que gosto, apesar de ser em uma instituição com hierarquia e
nem sempre fazendo o que me dá mais prazer. Mesmo assim, não tenho a menor
intenção de mudar de emprego, quero, como o senhor funcionário que assustou
minha colega de geração, ficar o resto da vida onde trabalho. Claro que isso
também me assusta, mas menos que ter uma vida de empregos incertos, não, isso
não é pra mim.
Eu vejo as pessoas da minha geração frequentemente querendo
viver de internet e fugir da cidade grande. Tenho amigos e amigos que, se
pudessem, trabalhariam na frente de um computador e nos fins de semana vão pra
lugares no “meio do mato”, restaurar as forças sugadas pela cidade. Vi uma
entrevista de um casal que vive de seu site e com isso atingiu o sonho da
geração millenium: vivem do que fazem na internet, são seus patrões, não têm
horários, trabalham em casa e, veja só, vivem numa casa no meio do mato. Pra
mim, não, obrigada. Trabalhar o dia todo no computador e ser responsável por se
terei ou não salário no final do mês me soa cansativo demais. E morar no meio
do mato nem de longe é minha vontade, talvez tirar férias. Talvez.
Nasci na geração errada? Não sei, acho que se trata mais de
uma ideia de felicidade que não serve a todos. Já fui chamada de aberração,
ponto fora da curva, por diversos motivos, e quem disse nem sabia quantos mais
motivos teria pra me chamar de ponto fora da curva. Mas acho que o que importa
é que tenho a minha própria curva, fora da curva padrão e encontro a felicidade
da minha forma e não como me é dito para ser. Não sei se “ser feliz no agora”
às vezes não é tão mais uma imposição, uma obrigação, que um caminho escolhido.
Tenho um pouco de inveja de quem consegue fazer isso naturalmente. Contudo, a
preocupação excessiva de ter a felicidade imediata ou irrestrita no presente
pode ser só mais uma pressão da sociedade. E pode sim comprometer sua
felicidade real e futura. Dessa nossa geração que grita “você tem que ser feliz
a qualquer custo”, o que, pra mim, já é um contraponto da felicidade em si. Não
me entendam mal, eu sou a favor de se dar alegrias sempre que possível, gostar
de si antes de tudo, mas sem pressão, sendo nós mesmos e não querendo mostrar
ao mundo que somos “felizes”.
O caminho pra ser feliz? Nem sempre é claro. Eu tento
descobri-lo em todas as coisas todo o tempo, como provavelmente foi e é com todo
ser humano, nascendo em que época for.
Cammy
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