25.6.13

Pelo direito de desistir...

Tenho um defeito que venho tentando me libertar ao longo dos anos: o medo de falhar, a impossibilidade de desistir. Claro, esse sentimento em mim deve ter raízes muito mais profundas como o desejo de agradar, a necessidade de ser melhor em tudo que posso, etc... Coisas que ficam pras minhas sessões de terapia. Mas, de certa forma, é uma ideia embutida pelo mundo atual em todos nós. Não se pode mudar de opinião, escapar do regime, perder prazos, perder um ano, mudar de curso... Sim, existem aqueles seres mais evoluídos e livres destas pressões (alguns até demais?), porém muitos de nós sofremos essa regularização de que devemos sempre “ir até o fim”.

 photo desistir2_zps71954849.jpg

Está gordo? Faça exercícios. Não conseguiu o resultado? É uma pessoa fracassada sem disciplina. Desistiu do curso? Você não tem força de vontade. Relaxou na dieta? Sem perdão. Desistiu do emprego que não dava certo? Vagabundo... Prestou várias vezes o vestibular e não passou? Fracassado. Em inglês existe inclusive um termo pras pessoas que sempre desistem: Quitter (em português o mais próximo seria desertor, talvez... mas quer dizer aquele que desiste com facilidade). E ser um quitter nunca é bom, é algo pejorativo.


A minha vida inteira levei tudo a sério demais, não me permitia ser uma quitter. Não me acostumei com fracassos: nunca peguei recuperação, nunca repeti de ano, passei direto do terceiro ano em uma universidade pública, terminei ela sem nenhuma DP, entrei no mestrado, terminei ele antes do prazo, passei em um concurso. Pior, quando começo algo me sinto forçada por mim mesma a fazer da melhor forma. E chega uma hora que isso é cansativo demais. Deixa de ser algo que poderia ser considerado uma qualidade e passa a ser um defeito, um defeito que faz mal a nós mesmos.

 photo desistir_zps0eb226b3.jpg

Comecei a pensar isso quando comecei a fazer musculação este mês, somada a natação. 4 dias seguidos de exercícios estavam me matando e eu não estava feliz. Eu não tinha tempo pra mais nada, mas a ideia de largar o que eu comecei me assombrava. Quitter!! Mas, afinal, não era pra minha saúde o exercício? Minha saúde atualmente me pede mais liberdade. De escolha, de não fazer nada se eu quiser, de compromissos. Pensei, pensei... e, eis que quando resolvo desistir, me vêm a mente a decepção do professor. Que pode representar o que qualquer um pensaria de mim. Confesso, isso ainda me incomoda e, mais uma vez, é assunto pra terapia, contudo, resolvi apertar aquele botãozinho mágico: o “foda-se”.

 photo foda-se_zps9be4d5de.jpg

Não é um botão fácil de encontrar em nós e não adianta apertar uma vez só... porém é um botão necessário. E daí que vou desistir de algo? E daí que não vou fazer o que acham que é melhor pra minha saúde e sim o que eu acho que é? E daí que não vou ser persistente? E daí que vou desistir? Na verdade, é só uma questão de perspectiva: se eu rejeitasse minha vontade e situação presente, eu estaria desistindo de mim. Essa é a única coisa que realmente vale ser fiel e persistir, em você. No que você quer e não no que “deveria”. Não atender minha necessidade atual de liberdade seria falhar comigo mesma. Então, escolho falhar em outras coisas pra não desistir de mim.

ps. Pra ver como existe a "filosofia do não desistir", procurando imagens só apareciam frases de auto-ajuda de "não desista", "seja persistente", etc...

Cammy 

Nenhum comentário:

Postar um comentário