Cheguei ao fim do livro da última citação que postei aqui e me deparei com outra que quis publicar. É bem no final, na reflexão do autor sobre o surgimento de tantos vírus vindos de áreas tropicais (devastadas) nos últimos anos. Talvez um tanto ingênuo ou poético já que o autor não é da área ou o livro seja de 1995. De qualquer forma, é uma verdade. A verdade de que a natureza não nos ataca, nós atacamos a natureza. O livro trata dos vírus, mas a questão pode ser estendida pra outros diversos fatores. Nós desequilibramos a natureza e ela não se “vinga”, como alguns dizem, só se adapta ao nosso transtorno, de forma nem sempre agradável ao ser humano. Na citação em questão, o autor reflete sobre como os vírus chamados “quentes” ou até outros, sempre existiram, foi quando desestabilizamos seu habitat que eles saltaram pra outros, chegando em nós. Se pensarmos bem, faz todo o sentido: a única espécie que parece não entrar em extinção e que só cresce em detrimento das outras é a espécie humana. Se um vírus pensasse, ele provavelmente chegaria à conclusão de que o melhor habitat/hospedeiro, dada a situação, é o ser humano.
Eis a citação:
“As florestas tropicais são também o maior reservatório dos vírus (...). Quando eles saem de um ecossistema, tendem a se espalhar em ondas através da população humana, como ecos da biosfera agonizante. (...)
Num certo sentido, a Terra está criando uma resposta imune contra a raça humana. Começa a reagir ao parasita humano, à infecção de gente, os pontos mortos de concreto por todo o planeta, a deterioração cancerosa na Europa, Japão e nos Estados Unidos, inundado de primatas que se multiplicam, as colônias crescendo e se espalhando e ameaçando abafar a biosfera com extinção em massa. Talvez a biosfera não ‘goste’ da ideia de cinco bilhões de seres humanos (na época...). (...) A natureza tem meios interessantes de manter o equilíbrio. A floresta tropical tem as próprias defesas. O sistema imune da Terra, por assim dizer, está ‘vendo’ a presença da espécie humana e começa a se revoltar contra ela. A Terra está tentando se livrar de uma infecção causada pelo parasita humano. Talvez a AIDS seja o primeiro passo num processo natural de limpeza.”
Num certo sentido, a Terra está criando uma resposta imune contra a raça humana. Começa a reagir ao parasita humano, à infecção de gente, os pontos mortos de concreto por todo o planeta, a deterioração cancerosa na Europa, Japão e nos Estados Unidos, inundado de primatas que se multiplicam, as colônias crescendo e se espalhando e ameaçando abafar a biosfera com extinção em massa. Talvez a biosfera não ‘goste’ da ideia de cinco bilhões de seres humanos (na época...). (...) A natureza tem meios interessantes de manter o equilíbrio. A floresta tropical tem as próprias defesas. O sistema imune da Terra, por assim dizer, está ‘vendo’ a presença da espécie humana e começa a se revoltar contra ela. A Terra está tentando se livrar de uma infecção causada pelo parasita humano. Talvez a AIDS seja o primeiro passo num processo natural de limpeza.”
("Zona Quente - Uma História Terrível e Real", de Richard Preston)