21.10.11

Nossos ídolos ainda são os mesmos?

Certa vez assisti um episódio de uma série que gosto muito (My Boys) sobre celebridades e ídolos. De como elas faziam as pessoas agirem de forma diferente ao redor delas. Também falava sobre como elas podiam ser melhores na nossa imaginação e pessoas que nem considerávamos a possibilidade podiam se tornar nossos ídolos. Sempre tive ídolos muito distantes, aqueles de cinema e tudo mais (claro que também temos ídolos próximos como amigos e família, mas estou falando daqueles que tem fãs no plural mesmo), porém uma coisa que os quadrinhos me proporcionaram foi ter contato com alguns ídolos e descobrir outros que nem sabia.

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Isso porque muitos roteiristas, desenhistas ou editores de HQ são pessoas comuns que, em geral, não se vêem como celebridades ou ídolos (obviamente existem as exceções), até porque o que é visto deles não são seus rostos. Eu, que sou completamente perdida em saber quem escreveu/desenhou o que e sou péssima fisionomista, poderia passar do lado de vários destes artistas e nem saber. Muitas das pessoas neste ramo passaram de fã a ídolo muito rápido e continuam sendo fãs de outros colegas, o que os coloca numa posição mais acessível, talvez. Então, comecei a atuar no marvel616 e comecei a associar rostos a nomes e a trabalhos. Descobri que muitos destes ídolos “internacionais” são brasileiros (msmos que seus nomes artísticos enganem). E fui apresentada a eles. Mais que isso, pude interagir com eles. E eis que me surpreendi que eles não são apenas bons artistas, mas pessoas incríveis!

O primeiro artista que conheci e descobri tudo isso não é um “o”, mas um “a”: a desenhista Adriana Melo. Além dos desenhos maravilhosos e de ser uma mulher em meio a um mundo bastante masculino como eu, ela ainda partilhava tantas outras coisas. Nerdisses, gostos e até “coisas de mulher” mesmo, como achar tal ator “tudo de bom”. Não só uma pessoa bacana e de ótimo papo, super acessível. Nos recebeu em sua casa, contou sua história, começou comigo o quadro Arte no 616, deu palestra quando pedimos, autógrafos... até deu palestra no dia do seu aniversário em um MarvelDay (que teve bolo em retribuição!)! Respondendo mensagens em redes sociais como uma amiga de longa data. Foi a primeira vez que pensei: “nossa, não acredito que uma artista tão admirável que desenha as coisas que gosto é tão bacana e pode estar tão próxima de mim!”.

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Dri

Talvez fosse coisa de brasileiro... Não sei, mas isso só se reforçou daí em diante. Convidado para o segundo MarvelDay e vindo de um contato da própria Adriana, Luke Ross não fez por menos. Bacana, solícito, amigável e simpático. Deu uma palestra 100%, foi super simpático e ainda fez uma sessão de dicas para os fãs e autógrafos no final. Não uma sessão qualquer, mas uma sessão de mais de 4 horas!!! Depois de um dia de evento ele atendeu um por um da fila, sem pressa, como se fosse um amigo próximo que o visitava. Acho que mesmo que alguém achasse que estava cansado esperando horas ali pra falar com o ídolo, se acalmaria com o semblante tranquilo e os olhos extremamente azuis do desenhista. Luke ainda topou ser palestrante na FestComix 2011 (onde organizamos algumas palestras) e, como sempre, se mostrou um amor de pessoa.
Também achei legal ver a animação dele quando contei em meio a uma foto: “Seu Capitão América assinado está emoldurado e pregado na parede do meu quarto”. Este Capitão, é um desenho que Luke fez especialmente para o poster do MarvelDay II (quer mais disponibilidade que isso??) e autografou ao final do dia. Ele mostrou uma cara surpresa e disse “nossa, é legal saber dessas coisas!”.

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Marvel Day

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Fest Comix

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Meu autógrafo devidamente emoldurado!

Estou falando mais de desenhistas já que ainda não conheci nenhum roteirista, mas não posso deixar de abrir um parentese para os editores da Panini. No início, tínhamos a idéia errada de que eles seriam mais fechados. “Eles” não, no começo era apenas o Fernando Lopes que, como nunca deixou de ser, defendia suas opiniões veementemente nos tópicos da comunidade que precedeu o site. Mas não, certa vez, em uma palestra da própria FestComix ele nos reconheceu (eu e coveiro) e além de nos cumprimentar na própria palestra antes de responder nossa pergunta, foi se encontrar conosco depois e dizer um “oi”. Isso até me rendeu o apelido de “famosa”, porque me estranhou muito uma pessoa que eu nunca tinha conversado nem virtualmente antes (eu não participava destas discussões e nem era editora do site), saber quem eu era. Aliás, eu já havia enviado 2 “cartas” para a sessão de cartas das revistas e surtei quando fui respondida pelo Lopes (ok, isso foi lá pelos 17 anos, mas eu lembro! Abri a revista que saía minha primeira carta tão euforicamente que até rasgou!).

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Lopes

Depois de certo tempo vimos que o Lopes era bacana e acessível, mas não deixava de ser “bravo” (e sarcástico) e defender suas opiniões. Não era pessoal, era (e é) o jeito dele. E passamos a conversar mais (mesmo que virtualmente) com ele, interagir. O que nos levou a conhecer os futuros também editores: Rogério Saladino, Paulo França e Levi Trindade, todos muito bacanas. Sempre aceitando nossos convites a eventos e trocando idéias. Principalmente o Saladino que se tornou um “amigão” nosso de tão próximo e nos possibilitou conhecer a sua fofíssima esposa, desenhista, Germana Viana. Não vou detalhar aqui tudo, mas termino o parenteses dizendo que eles também são pessoas (que escutam todo tipo de coisa, ao contrário dos desenhistas que, em geral, escutam muito mais elogios) acessíveis e muito legais.

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Saladino e Germana

Voltando aos artistas “internacionais”, esta FestComix me fez conhecer mais 3 deles. Primeiro, abrindo uma excessão ao domínio brasileiro, o argentino Ariel Olivetti. Um cara que desenha em estilo diferente, suas páginas parecem quadros, e aí já criei uma imagem dele de alguém super “cult”. Mas quem via sua palestra seríssima sobre técnicas para desenhistas que usam o photoshop não imagina que por trás daquelas páginas lindas tem uma pessoa completamente extrovertida. Ariel nem fazia parte dos artistas que “coordenávamos” no evento, mas nos recebeu muito bem e, mesmo com dificuldade em algumas palavras nossas, bateu papo com todo mundo, deu autógrafo, fez sketch. E mais, o cara é de um humor sensasional. Quando saímos jantar com alguns deles no sábado o desenhista “sério” mostrou todo seu bom humor nas fotos, nas histórias e nas piadas.

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Ariel

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Malucos unidos... hehehe

Os dois últimos que conheci foram os que me motivaram a escrever isso: Mike Deodato e Will Conrad.

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Figuraças!

Mike Deodato dispensa apresentações, um desenhista excelente que já é um dos grandes nomes da Marvel, desenhando títulos importantíssimos ao lado de roteiristas fantásticos. Acabou de ter sua arte publicada em um livro Art Book como poucos outros desenhistas tiveram, só os “mais-mais”. E ele é, sua arte é fenomenal, mas a pessoa é mais ainda. Mike sempre faz poses de bravo, de forte e coisas assim nas fotos, você imagina que seria um narcisista, certo? Não, Deodato é tímido, tão tímido que ficava nervoso ao dar entrevistas no evento. Perguntava: “ficou bom?”, “o que eu falo?”... Quase respondo: você é o Mike Deodato, pode falar o que quiser! Fiquei extremamente surpresa com a humildade que ele tem. Nenhum pingo de vaidade ou sentimento de superioridade que ele poderia ter de ser top como é. Nada! Uma pessoa simples, simpática, envergonhada e disponível. Sempre acompanhado da esposa/tiete Ana Paula, outro amor de pessoa.

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Ana e Deo

E o bom humor? Sempre fazendo piada! A pessoa tímida de Deodato muda na presença de seu amigo, fiel escudeiro, Will Conrad. Essa dupla é impagável. De vídeos no youtube, cutucadas no twitter, a vê-los interagir ao vivo... só gargalhada! E dá pra ver como, apesar de toda brincadeira, são queridos um para o outro!

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Pose clássica com Mike

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E acha que o Will ia perder essa?

E o Will? Bom, eu não conhecia quase nada do trabalho dele, afinal, eu só leio Marvel e a primeira coisa que chegou no Brasil do que ele desenhou pra Marvel foi Wolverine... que não compro! Conhecia ele como artista porque já o havíamos entrevistado do marvel616 e, de forma extremamente solícita, ele foi um dos que mais participou no quadro que organizo do Arte no 616. Mas só. Na FestComix eu conheci mais de sua arte, carreira e pessoa, 3 coisas incríveis. Além de uma perseverança e dedicação sem igual com seu trabalho (e com os fãs), a simpatia e bom humor irradiam do desenhista. Ao contrário de Mike, não é nada tímido, é eloquente e descontraído e brinca com quem quer que seja que apareça na sua frente, proporcionando momentos hilários neste fim de semana que, de certa forma, convivi com eles.

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Fã de carteirinha!

Will parece aquele moleque safado que está sempre aprontando alguma, tanto que é sempre o primeiro a querer tirar onda do parceiro, Deo. De fato, sua alegria e sorriso são de menino mesmo, difícil imaginar esta figura de mal humor. Na noite de sábado, Will e Ariel dominavam a conversa com piadas que fizeram minhas bochechas doerem de tanto rir! Porém nem só de piada vive o moço que faz questão de atender todos os fãs, assinar, ver desenhos, dar dicas (não é a toa que arranja tempo pra me ajudar no Arte no 616) e fazer sketchs. Os sketchs ele fez para todos nós do 616 que trabalhamos até o último minuto, pagamento mais do que bem vindo! Quase extorquido, na verdade, já que eu não o deixei em paz até começar a desenhar! Não, eu virei sua fã número 1 e queria guardar a lembrança! Fãs ele ganhou de balde. Não que sua arte não seja maravilhosa, veja bem, ela é! Mas ele poderia até desenhar homens palitos que arrebataria seus admiradores só com sua personalidade cativante. Eu sou a primeira da fila!

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O 1º sketch a gente não esquece...

Enfim, sei que escrevi demais, mas queria relatar essa maravilhosa experiência dos últimos anos (e do último fim de semana) em que conheci mais ídolos que na minha vida toda. E vi que eles não são nada distantes. Ao contrário de muitos que, como relatei no início, perdem o encanto ao conhecer as pessoas que admiram por uma qualidade; ao contrário dos que se decepcionam com os artistas que de perto não são tão incríveis ou pouco simpáticos; ao contrário daqueles que percebem que seus ídolos não são tão admiráveis assim, eu conheci pessoas incríveis, acessíveis e humildes. Artistas que me fizeram admirá-los ainda mais pelo que são do que já admirava pelo que fazem, e como fazem bem! Nesses últimos tempos, eu não ganhei apenas fotos, assinaturas ou sketchs... eu ganhei ídolos.

Obrigada a todos em nome dos fãs.


Cammy

ps. Título referente a música de Belchior "Como nossos pais"

5 comentários:

  1. Olá Cammy
    Adorei o post, o qual entrei em contato por um link do Will no Facebook.
    Já fui fã da Marvel mas acabei me afastando por que$tõe$ pessoais.
    De todos que mencionou, só conheço o Will Conrad, e por sorte, a família dele, pois minha esposa trabalha com a irmã dele.
    Sim ele(s) é(são) tudo isso que você descreveu, incluindo filhas, sobrinhas, esposa, cunhadas e o agregado (esposo da irmã, o grande..não enorme Walter, um fotografo que trabalha com informática, por enquanto).
    Parabéns pelo Blog.

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  2. Se só passar 2 dias com eles foi tão bacana, imagina conhecer no dia-a-dia, família e tudo mais... =D Que legal. Eu imagino que deve ser uma família linda :) E obrigada pelo elogio ao blog e post =D

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  3. ha! Quem conhece Will Conrad e Mike Deodato de perto, sabe o quanto os dois são profissionais! As brincadeiras fazem parte e eles são realmente excelentes pessoas. Me sinto honrado de fazer parte da família, como disse meu amigo Waldomiro, como Cunhado do Will, o famoso "agregado" (feio isso néh) e poder compartilhar momentos engraçadíssimos com essa turma. Alem de "agregado" somos "compadi" ehehehehe....Parabens pelo site/blog e continue assim, divulgando quem realmente tem talento nesse mundo!. Fui!

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  4. Obrigada! E que inveja sua que pode ver essa bagunça comm mais frequência, hein? =D

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