20.10.11

Arquivo Mental: Superações

Enquanto não consigo colocar um texto novo, vou publicar mais um daqueles textos de arquivo mental... Este escrevi tempos atrás, mas dei umas acrescentadas recentemente, é sobre superações. Não me engano de achar que sou a pessoa mais sábia sobre o assunto, mas talvez minhas humildes experiências possam ajudar alguém a ver as coisas de uma forma melhor (ou apenas diferente). Se não, é só mais um desabafo em forma de texto, coisa que gosto muito de fazer. Eis aqui o texto:

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"Quando eu nasci, já começou minha luta. A Estenose craniana que “veio comigo” poderia me impedir de viver, se não a doença em si, a operação arriscada aos 3 meses de idade. Mas eu sobrevivi, mesmo parecendo impossível.

Depois me condenaram a uma infância cheia de regras por conseqüência da cirurgia. Mas ela passou e, mais uma vez, sobrevivi e superei.

Sempre me viram como a “filhinha da mamãe”, aquela que não saberia fazer nada sozinha. Aos 17 entrei na universidade pública e fui morar sozinha por 5 anos. Não só sobrevivi como tive alguns dos melhores anos da minha vida e me descobri uma pessoa capaz de cuidar de mim e de muitos.

De criança, não era de muitos amigos, lembro-me de pedir pra brincar e não deixarem... Talvez fosse culpa minha, não me lembro. Hoje em dia, dou valor à amizade verdadeira como dou a própria família. Da menininha amuada e solitária, com medo e chorona, cresci a adulta animada, agitada, corajosa e... bom, e chorona.

Chorona sim, fraca não. Achava que não suportasse a dor de perder alguém. Perdi meu pai aos 21 anos, e sobrevivi. Superar não é a palavra apropriada, mas algo assim.

O medo de criança se transformou em síndrome do pânico, a ansiedade nata em transtorno e anorexia nervosa. Me tratei, sarei, me esforcei e, como sempre, sobrevivi e superei (ok, algumas coisas são um processo de superação de uma vida inteira, mas estou me concentrando no período mais crítico).

Terminei a faculdade, sem uma prova substitutiva (ou p3, chamem como quiser) se quer, mas ser boa na teoria não parecia me ajudar para alcançar um mestrado, “tem que ter o QI, ‘quem indica’”, me disseram. Conseguir um mestrado em outra universidade pública, a famigerada USP, sem ninguém “de dentro” parecia impossível. Contudo, persisti como sempre, fui atrás, mostrei meu valor e lá fiz meu mestrado.



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Achava que ser especialista de laboratório na USP seria o melhor emprego possível, mas quais as chances de se conseguir o emprego dos sonhos logo de cara? Nada que a perseverança de sempre não desse jeito. Uma menina num emprego de adultos? Vou crescendo aos poucos, mas, mais de um ano depois, sou respeitada pelos colegas que trabalham comigo e me sinto mais e mais capaz de ser uma boa cientista.

A adolescente boba achava que não teria nunca quem a amasse a ponto de aceitar escolhas difíceis, também foi provada errada, embora hoje saiba (coisa que pouco adolescente sabe) que quem me ama mais ainda e que mais importa sou eu mesma.

Tinha medo da loucura, minha ou alheia. Bom, ainda tenho, mas descobri que sou capaz de sobreviver com ela.

A vida me ditou vários feitos que pareciam impossíveis: sobreviver, ser saudável, crescer, me virar, me formar, conseguir o mestrado, ter o emprego dos sonhos, etc. E eu fiz tudo isso. Aprendi que posso sobreviver aos obstáculos por mais difíceis que pareçam e, mais que isso, posso viver e ser feliz apesar de tudo!"



Cammy

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