17.11.11

Citações: Amar é sofrer?

Ainda não é um texto original que vou postar, mas é algo que gostaria de compartilhar. Vira e mexe, eu leio algo que gosto muito e quero contar aos outros, porém o limite de caracteres das redes sociais me desanima. Já que agora tenho um blog (por mais que seja pouco lido), acho que é um lugar apropriado pra colocar estas passagens que acho interessantes ao ponto de citá-las aos outros. Vou até denominar uma tag pra isso. Eis aqui minha primeira.

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Estou lendo um livro que chama “Os quatro amores”, de C.S. Lewis que trata de diversas formas de amar. Desde amor ou gosto por coisas, passando pela afeição, a amizade, o amor erótico e o amor a Deus (caridade). Mesmo que você não seja religioso, é uma análise interessante de diversas formas de sentimentos com coisas muito elucidativas, recomendo. A passagem em si que vou escrever aqui é sobre quem acha que não vale a pena amar pra não sofrer.

Lewis conta que o próprio Santo Agostinho chegou a dizer que não queria se apegar a ninguém quando um amigo morreu para não sofrer e que só o amor a Deus seria isento de dor, mas o autor discorda até disto. E diz sabiamente:

“Não há saída pelo método sugerido por Santo Agostinho. Nem por nenhum outro método. Não existe investimento seguro. Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa, e seu coração certamente vai doer e talvez se partir. Se quiser ter certeza de mantê-lo intacto, você não deve entrega-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde-o na segurança do esquife de seu egoísmo. Mas nesse esquife – seguro, sombrio, sem movimento, sem ar – ele vai mudar. Ele não vai se partir – vai se tornar indestrutível, impenetrável, irredimível. A alternativa à tragédia, ou pelo menos ao risco de uma tragédia, é a condenação. O único lugar além do Céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e perturbações do amor é o inferno.”

Lindo, não? Eu concordo com cada palavra e acho que todo mundo deveria pensar sobre isso na vida quando passa por alguma desilusão, perda ou sofrimento. A parte dos “pequenos luxos” pode ser um grande tapa na cara, mas pura verdade. E, manter-se a salvo do amor, é manter-se fora do mundo, frio, impenetrável. Tem mais um trecho complementar que gosto, mas este se encaixa mais às pessoas religiosas. Contudo, muitas pessoas ditas religiosas também deveriam pensar no trecho a seguir, já que tendem a achar o mesmo que disse Santo Agostinho no auge da dor, buscar Deus pra fugir de sofrimento. Não, não é assim que funciona:

“Não nos aproximamos de Deus procurando evitar os sofrimentos intrínsecos a todos os amores, mas aceitando-os e oferecendo-os a ele, renunciando a toda carapaça defensiva. Se nosso coração tiver de partir-se, e ele decidir que é desse modo que deve se partir, assim seja.”

Ou seja, não ache que Deus vai tirar o sofrimento da sua vida, não é e nunca foi assim que funciona, mas Nele, os sofrimentos são mais leves de encarar, só isso. É apenas uma mudança de perspectiva e não de fatos. E, sobre a primeira passagem, é sabido por todos que não há ganho sem risco, mas há um risco muito maior em deixar a vida passar de forma fria do que se entregar aos amores (em todas suas formas) que a vida nos dá mesmo sabendo que eles podem nos fazer sofrer um dia. E, se fizerem, seja pela desilusão ou pela perda, que lembremos de quanta alegria eles nos deu em vez de lembrarmos só da dor.

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Cammy

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