13.12.11

Namorar ou não à distância? Eis a questão.

Outro dia, escrevi sobre amizade. De fato, um tema que tenho experiência (não graças só a mim) a ponto de poder falar algo. E acho que também posso dar meu pitaco na área de relacionamentos amorosos com alguma (alguma só!) experiência também. Mas um tipo de relacionamento que entendo bem é o a distância. Antigamente, algo completamente mau visto, sempre fadado a naufragar e tão comum hoje em dia, embora ainda dividindo opiniões sobre dar ou não dar certo.

Photobucket

Namoro a distância há mais de 3 anos e sempre foi assim. Existem vários tipos de namoros à distância: os que começaram próximos, mas algo no caminho os levou a se separar fisicamente; os que a separação tem data prevista pra terminar e os que não tem; os que já começam a distância sem se conhecer ao vivo ou se conhecendo antes. Eu, particularmente, acho loucura começar um relacionamento sem nunca ter se visto pessoalmente, mas há tanto mais entre o céu e a terra que julga minha vã filosofia, que não irei julgar. Cada um tem sua dificuldade particular, porém, tentarei ser geral. Várias vezes procurei “namoro à distância” no google (ou querendo saber de outras pessoas assim, ou até antes de escrever este texto), e vi muita má previsão pra esse tipo de relação. E não vou iludir vocês: a chance de um namoro assim dar errado é enorme. Mas, provavelmente, só 50% das possibilidades de fracasso estão relacionadas de fato à distância. Ou ao fato da distância dificultar situações que seriam mais bem contornadas em um relacionamento próximo.

Outro fator que se diferencia nesses relacionamentos é a frequência com que você encontra seu par. Existem casais que se veem anualmente até, o que, eu, particularmente, não aguentaria. Existem os de meses, os de semanas, os de semestres... Ok, confesso. Quando alguém diz “ai, não aguento a distância, só vou ver meu namorado de novo a semana que vem”, me dá vontade de mandar catar coquinho na descida em dia de chuva. Existem relacionamentos de pessoas na mesma cidade que não se veem toda semana, ou todo fim de semana. Mas prometo tentar (tentar!) ser imparcial. No meu caso, vejo meu namorado, em geral, uma vez ao mês e acho uma boa medida pra mim (particularmente, mais do que isso, considero muito difícil, e acho incríveis os casais que dão conta de coisas mais difíceis que a minha).

Photobucket

Também existem distâncias e distââââncias. Os casais transatlânticos que devem ter que ter uma fortaleza em si tremenda, e os mais próximos. Considero a minha até uma distância razoável: 582 km ou 9 horas de viagem de ônibus. Se vocês morarem ambos em capitais, uma facilidade (que não tenho) é que o avião quebra um galho em tempo de viagem. E, ainda, tem aquelas distâncias onde minha imparcialidade acaba: “Eu moro em São Paulo e ela em Guarulhos”, “Eu em Recife, ele em Olinda”, “Eu em Niterói, ela no Rio”, são outras frases que me fazem querer mandar a pessoa catar coquinho na descida em dia de chuva vestindo havaianas. Mas não, eu não sou a dona da verdade (droga!).

Agora vamos a parte dura. Se você é inseguro ou ciumento, nem chegue perto de um namoro assim. Na verdade, você vai perceber que se for inseguro e ciumento não deveria chegar perto de namoro nenhum sem que isso acabe se tornando um fardo pro casal. Mas, em particular, uma pessoa insegura, não durará (ou pelo menos não durará sã) muito tempo à distância. Ela vai sempre estar achando que o seu par está fazendo algo errado ou, alguém menos paranoico e desconfiado, pode sempre ter medo de que alguém mais interessante apareça por lá. Aprenda: alguém “mais interessante” pode aparecer se vocês morarem juntos. E um de vocês pode estar fazendo “coisa errada” no banheiro do vizinho. Então, o problema aqui não é a distância, é você. A diferença é que, num relacionamento próximo, você pode ser um namorado(a) mala que vigia cada passo do cônjuge. Existem casais assim, embora eu ache o fim da picada. Se o seu for assim, provavelmente durará mais que um a distância, mas, não se engane, ele provavelmente não durará bem. Ainda existem aqueles amargos que, sendo mais incapazes de manterem-se felizes, perguntam: “mas como você sabe que ele não está com outra lá?”. Como você sabe que ele não está com outra aqui? Aliás, vejo tanta gente com “outros aqui” que a distância não é mesmo a questão. Se não existe confiança em um relacionamento, não existe relacionamento.

Photobucket

Outro tipo de pessoa que não pode nem pensar em entrar em um namoro à distância, é aquela que vive para seu parceiro 24h por dia. Se você é daqueles que quer que ele(a) vá em todas as festas que você for, faça tudo com você, é carente, não vai ao cinema se não for com seu par, não sai sozinho, não tem seu próprio círculo de amizades... esquece. Num relacionamento a distância é muito importante que a pessoa tenha vida própria, ou vai definhar sozinha em casa. Sejam amigos ou uma família participativa (recomendo mais de um círculo de amigos pra qualquer vida saudável). Claro que é bom ter quem a gente ama junto nas coisas que gosta, mas existem ocasiões e ocasiões e, em um namoro assim, você acaba partilhando muito com os amigos/família. Aí você pode pensar (e eu espero que pense): “Mas isso não é bom em nenhum relacionamento!”. Deveras, caro leitor. Mais uma vez, esse é um problema que só se torna mais visível à distância, mas que é um fardo cansativo em qualquer relacionamento. Porque, alguma hora, você vai estar sem seu par e se isso fizer sua vida parar... bom, ela vai parar. Vida própria, momentos pessoais e amigos (muitos amigos) são sempre saudáveis e sempre bem vindos. Sabe aquela história de antes de amar alguém você tem que amar a si mesmo. Ela é verdade, e vale também pra antes de viver pra alguém, você deve viver pra si mesmo.

Photobucket

Então, jovem Padawan, estes dois problemas tão apontados como entraves para um namoro a distância não são problemas da distância em si (como mais outros), mas problemas da pessoa que está no relacionamento, mesmo que o casal more na mesma casa. Quer dizer que não existem problemas trazidos pela distância? Você me perguntaria. Existem, é claro. Os principais são não poder contar com a presença do outro em todas as ocasiões importantes, em momentos de necessidade, em ocorrências repentinas ou só pra ficar junto em silêncio qualquer hora. A dificuldade é ter pouco contato físico (porque, hoje em dia, a tecnologia permite que o contato em si seja bastante frequente), pouco toque, pouco cafuné, pouco abraço e pouco beijo. Talvez não pouco, mas menos do que vocês gostariam. E o grande vilão deste tipo de relação se chama saudade. Ah, essa sim, como dói. Porém, é uma lição importante também saber lidar com essa dolorida saudade. Se um casal que nunca se afasta tem algum contratempo, a saudade pode dilacera-los ao pegar de surpresa. O casal que namorou a distância não, eles cresceram fortes e aprenderam a lidar com esse sentimento.

Photobucket

De fato, existem os lados positivos (sempre há) da distância. O casal aprende a lidar com dificuldades. Aprende a valorizar a presença do outro, a apreciar os pequenos momentos. Descobrem coisas sobre si e sobre o outro que só essas ocasiões mais extremas podem exacerbar. A distância é uma lição de paciência, e paciência é amadurecimento tanto pessoal, como da própria relação. Aprendem a não ter pressa. Aprendem que a vida é uma delícia com o outro, mas boa também separada (como vimos antes). Aprendem a confiar na marra, sem fingimento. A planejar juntos, a comprometer-se e saber abrir mão de vez em quando. Não dá pra empurrar esse tipo de relação com a barriga, não dá pra estar com o outro por acomodação (até dá, mas é masoquismo), e isso faz, por um lado, ter fé do sentimento do outro mais ainda e, por outro, batalhar e testar seu sentimento sempre. Ninguém gasta a grana que se gasta viajando em uma relação à distância se for por acomodação, se tem uma coisa que o namoro assim não é, é cômodo. Eu acho que essas coisas fazem o relacionamento distante crescer e amadurecer num prazo curto, mais rápido que seria em proximidade, talvez. E é claro que o relacionamento próximo também pode proporcionar isso tudo, só depende de vocês.

É, quando a pessoa vale a pena, nada é impossível, e todas essas coisas difíceis ficam mais fáceis. Como vocês viram, não é pra todo mundo e nem sempre dá certo, mas “bem aventurados” os que namoraram a distância e perduraram, porque gozarão dos benefícios desse tipo de relação. A frase mais clichê sobre o assunto, acaba sendo verdade: “A distância é como o vento que apaga uma vela, mas alastra um incêndio”. E eu não vejo a hora que a distância termine (ninguém namora a distância por opção), mas se precisasse começar do zero, pela mesma pessoa, faria tudo de novo.

Photobucket

Cammy

5 comentários:

  1. Owwnnnn! Que fofa! Eu só posso assinar embaixo de tudo o que você falou, amor. Beijos!!!

    ResponderExcluir
  2. Me vejo nesse texto, em cada frase e palavra e concordo sem tirar nem por . Um relacionamento só é quando o amor existe, principalmente a distância !! Talvez esse seja o lado bom na distância, nos prepara pra qualquer eventualidade, nos deixa fortes e o amoR é verdadeiro... Se dau certo à distância, tem mais chances de durar para sempre !!

    ResponderExcluir