1.11.11

Arquivo Mental: É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã?

Já que estamos às vésperas do feriado de Finados, vou colocar um texto que fiz pouco tempo atrás sobre como lidar com a perda ou a iminente perda de quem amamos. Isso foi elaborado em mim durante estes 5 anos sem meu pai e de como lidei com a morte repentina dele, a dor, o fato de não ter podido dizer absolutamente mais nada. Em 5 anos a dor não sumiu, mas amadureceu e espero poder partilhar o que aprendi com isso com outros, com vocês. Afinal, é isso que tiramos dessas situações difíceis: experiência e aprendizado. Eis o texto:

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É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã?

Existe um certo dilema no como fazer depois que alguém querido se vai. Porque, primeiro, você pensa: “Eu devia ter aproveitado mais... dito mais que o amava, celebrado as datas todas”, mas não dá pra viver como se fosse assim o tempo todo. A gente não diz eu te amo o tempo todo (é desgastante), a gente pula datas, a gente fica dias sem se falar...

Depois que meu pai morreu em uma das poucas vezes que discordamos de algo e de certa forma brigados eu achei que não podia brigar mais com ninguém. Era absolutamente insuportável a ideia de brigar com alguém (principalmente minha mãe e meu namorado), a pessoa ir dormir e eu poder não vê-la nunca mais. As últimas palavras ditas a alguém se tornam relevantes (isso é bem tratado num episódio de How I met your mother). Mas é possível viver esperando as últimas palavras? Não.

Fazer todo dia contar como o último é até poético, mas não é a vida de verdade. Na vida as pessoas brigam, as pessoas discordam, as pessoas dizem coisas ruins e coisas inúteis umas pras outras. Isso é viver e, se privar de viver isso com alguém por medo da ausência, não é vivê-la. Não é aproveitar, é enganar-se. Eu ainda vivo nesse dilema, mesmo sabendo que não é assim, mas vou me reconstruindo nessas reflexões.

Meu primeiro pensamento era dizer a vocês: “Aproveitem as datas como dia dos pais, mães, aniversários... Digam que amam as pessoas, façam as pazes...” é tudo bonito, mas não é a verdade. Então, acho que o certo é dizer: “vivam a companhia dos que você ama com tudo que a vida inclui, até as coisas mais desagradáveis” e assim estarão vivendo o máximo que podem e de forma verdadeira com as pessoas que amam.


Camila Rizek

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E aproveito pra deixar um trecho de outra música do Legião Urbana (a frase "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã" vem da música "Pais e Filhos") que é bem dolorida, mas é bonita demais, Vento no Litoral:

"Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem..."

2 comentários:

  1. Lindo texto, Camila! E vc está maravilhosa ao lado do seu pai.
    Que sensação gostosa ir te conhecendo a cada post! beijo grande da sua prima
    Beatriz Rizek

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