9.10.11

Rede Social ou Anti-social?

As redes sociais (seja facebook, Orkut, Google +, twitter ou genéricos) fazem parte do dia-a-dia de muita gente nos últimos tempos. Só que é uma “local” de encontro sem muitas regras sociais definidas, o que acaba criando dificuldades. Por exemplo, ao longo do tempo todo mundo aprendeu que tipo de comportamento e conversa se tem em um bar, um jantar de negócios, uma festa de família... mas e num lugar onde tudo isso pode estar acontecendo ao mesmo tempo?? Como agir?

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Não, eu não tenho a resposta. Eu mesma muitas vezes falo demais. Porque eu sou assim, eu falo em qualquer lugar, o problema é que nos outros lugares as pessoas me interpretam de maneira mais homogênea. Veja bem, todo mundo sabe que quando uma piada é solta em meio a um happy hour, numa noite com amigos, descontraída, ela não deve ser levada a sério, ela é apenas uma piada. Nas redes sociais uma piada pode virar uma declaração perigosíssima, porque quem lê nem sempre está no mesmo humor de quem escreveu (no bar estamos todos em geral no mesmo contexto...). Eis aqui um dos principais problemas desse recurso do mundo moderno: as pessoas se encontram em contextos diferentes. O contexto que existe pra mim quando escrevo algo não é o mesmo que pra quem me lê. É de se esperar que gerasse problemas de interpretação. Contexto é um problema, ainda, quando a pessoa solta frases que pra ela fazem sentido, mas que alguém que lê acha que é sobre outra coisa... apertem os cintos, turbulência virtual aí.

Mais um fator. Na “vida real” de antigamente, não se tinha acesso a tanta opinião alheia assim. Não eram tão freqüentes as vezes que pessoas sentavam para ter conversas profundas sobre a opinião delas sobre a sentença de morte, sobre o governo, sobre o verdadeiro significado da vida. Convenhamos ninguém simplesmente se vira num restaurante e diz: “Então, eu sou contra x ou y, e vocês?”. Nas redes sociais, essa informação é acessível e comum com dois poréns: ninguém pergunta “e vocês?” e quem se atrever a argumentar é apenas um intrometido (mas não era pra eu ler??), e nem sempre a conversa era, de fato, com todo mundo. Para diminuir os mimimis, precisamos (eu inclusa) aprender a usar ferramentas para falar com determinado grupo de pessoas (sim, elas existem).

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Agora, a pessoa posta pra todo mundo ler e não quer que ninguém comente? Não sabe brincar, não desce pro play, né? Usar uma rede social significa expor sua opinião (piada, comentário ou simplesmente o que você estava fazendo) pra quem estiver lá pra ler (que você pode escolher), então não me venham com xurumelas de que as pessoas se intrometem demais, fale em particular, então.

E, se era difícil fugir de spoilers sem rede social, agora é quase impossível. Você pode vetar grupos de discussão, mas alguém sempre pode ler algo na sua frente e comentar no seu status. E isso é errado? Claro que não. A pessoa tem o direito de fazer isso, como se resolve então? Bom, se ela faz isso com uma enorme freqüência basta evitar seus posts (outra ferramenta que as pessoas precisam aprender a usar), mas se é ocasional, sem saída. Resta o bom senso de quem escreve avisar. Por falar em evitar posts de determinadas pessoas ou aplicativos, isso é algo muito útil. Não, você não é obrigado a ler tudo que uma pessoa escreve se não gosta do que ela escreve em sua maioria. Eu “cancelo assinatura” (no caso do facebook, ou excluía posts de fulano antes dessa ferramenta existir) de pessoas que só escrevem coisas que não gosto de ler, não concordo, não me acrescentam em nada. Tem sempre aquele reclamão que xinga tudo que vê, ou o cara que acha que tem que postar música todo santo dia, ou o que só posta notícia de tragédia, o ciclano que só posta spam de balada... enfim, qualquer dos tipos que te incomoda você PODE bloquear, então sem essa de “cada coisa que eu TENHO que ler aqui”, você não tem que ler porcaria nenhuma!

E aí vem a parte libertadora também, se as pessoas não são obrigadas a ler o que eu escrevo (não, eu não faço questão de agradar a todos), ela que me bloqueie, certo? Não é meu papel regular o que eu escrevo porque certo grupo de pessoas pode não gostar (o que, claro, não inclui coisas como ofender alguém e similares, bom senso é bom senso).

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E aquelas indiretas que todo mundo um dia já postou ou se sentiu “indiretado” (adoro inventar verbos!)? Como proceder? Na “vida real” ninguém pára do seu lado, olha pro céu e diz “Tem gente que adora fazer....” ou “Quem acha isso ou aquilo é...” ou, ainda, “Quem faz tal coisa, não sabe que...” e os derivados. Imaginem isso na vida real. Alguém senta do seu lado, porque sabe que você está ouvindo e diz aos céus algo que obviamente é sobre você, mas não diz pra você. Se você se defende, a carapuça serviu (também, a carapuça veio quase com meu nome nela!). Se não se defende, fica com aquilo na garganta... Situação chatinha, forma fácil de criar inimizades por besteira. Uma coisa que só as redes sociais podem fazer por você. O que aconteceu com o bom e velho falar pelas costas??? Pelo menos as pessoas não tinham este dilema!

E o ciúme versus rede social?? Vixe, isso dava um livro... ainda bem que não tenho muitos problemas nessa área, mas o que escuto de reclamação e briga que começou por causa de rede social não está no papel. Relacionamentos na era digital exigem outros tipos de dinâmica e de terapia!

O famoso “direito de expressão” e o “politicamente correto” tomaram outro tamanho nessa vida de redes sociais. A questão é que temos que aprender a equilibrar, nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Nem posso me incomodar com tudo, nem incomodar o tempo todo... bom, poder você pode, mas o nome é rede social e não rede “anti-social”. Não devíamos estar fazendo interações agradáveis, conversas amigáveis, sociabilizando??? Em vez disso, estamos anti-sociabilizando! É cada um por si, cada um com sua opinião e não se intrometam... acho que começou a perder o sentido (dado pelo próprio nome) quando isso acontece, não? Melhor nos policiarmos mais sobre isso, ninguém quer estar em uma rede social só pra tomar alfinetada, bordoada e qualquer mais ada. Deixemos as conversas extremamente sérias pros lugares disso, ou, se a conversa surgir, não levemos extremamente a sério suas implicações. Não é um júri, não é uma escola, não é um lugar onde ninguém tem obrigação de ser sério se não quiser. Já basta a vida “real”, não?

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Aí a gente escuta (ou lê) que a vida anda se tornando muito complicada. Verdade, mas quem complica? Ou que a vida anda se tornando muito pública. Verdade, mas você publicou pra que? Melhor rever seus conceitos (que eu revejo os meus também).

Cammy

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